O salto qualitativo: o que a Universidade Corporativa proporciona as empresas

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A busca por eficiência é uma constante entre as empresas que almejam o sucesso em seu ramo. Racionalização do operacional, contratação de mão-de-obra qualificada, corte de custos, são exemplos de medidas tomadas rumo à efetividade dos lucros. E com isso, vão se melhorando os processos a partir de suas próprias experiências, alimentadas por informações oriundas do mercado e da concorrência.

Com o passar do tempo, as experiências acumuladas ao longo da empreitada formam um conhecimento, que será o fundamento de uma cultura corporativa. Cultura essa, que abarca não apenas o know-how do operacional, mas também a vivência e os valores da empresa, que são o espírito da companhia. Transmitir tal legado é a missão da universidade corporativa (UC).

Preocupados com essa transmissão, que grandes corporações já criaram suas UCs com a finalidade de ensinar as qualidades de que necessitam e que vão desde as competências técnicas, passando pela formação de lideranças, até as virtudes morais dos profissionais. Essas e outras habilidades foram as que se destacaram ao longo das diversas tentativas e erros da empresa, e que são fundamentais para a continuidade da mesma.

Por exemplo, a Universidade Ambev, que além do quadro de colaboradores diretos, busca ensinar a fornecedores e distribuidores, a cultura de corte de custos e agressividade comercial de seus fundadores. Por sua vez, a Apple University, concentra seus conhecimentos a um seleto grupo de diretores que receberão ensinamentos sigilosos, deixados pessoalmente por Steve Jobs.

Tamanha é a importância do legado corporativo, que a General Eletric criou, ainda no ano de 1956, a Crotonville Management Development Institute. A instituição tinha como intuito viabilizar e atingir os objetivos estratégicos definidos pela corporação por meio da aquisição das competências empresariais e até mesmo humanas.  O resultado foi ter formado dentro de casa, todos os seguintes 12 presidentes da empresa, desde o famoso Jack Welch ao atual presidente Jeffrey Immelt. Ambos foram alunos e posteriormente professores, mantendo a tradição da empresa quanto à formação de líderes empresariais (1).

Importante frisar, a distinção entre a UC e a área de Treinamento e Desenvolvimento (TD), podendo a primeira oferecer tais serviços há todos os atores comerciais da corporação, desde colaboradores, passando por fornecedores, distribuidores, franqueados, clientes e até mesmo o público em geral; enquanto o segundo, pelas limitações departamentais, restringe-se ao quadro funcional. Além do formato da UC ser, muitas vezes, mais um negócio da corporação, trazendo novas receitas.

A segunda característica fundamental refere-se ao fato de que algumas universidades corporativas têm-se associado a instituições de ensino superior, estabelecendo diferentes tipos de parcerias, entre as quais se destaca a validação das disciplinas cursadas nas universidades corporativas para fins de totalização dos créditos exigidos pelas academias. E igualmente o contrário: disciplinas cursadas em instituições de ensino superior tradicionais são reconhecidas como válidas pelas universidades corporativas. Além da validação dos créditos, o estabelecimento de parceria pode ocorrer com o objetivo último de possibilitar a conferição de diploma. Isso ocorre porque, não havendo licença, no caso americano, ou credenciamento da instituição, autorização e reconhecimento do curso, no caso brasileiro, a universidade corporativa apenas tem condições de conferir diploma via instituição de ensino superior tradicional à qual está associada. Seguindo essa linha, algumas UCs americanas obtiveram licença, e passaram a conferir elas mesmas os diplomas, independentemente de parcerias com instituições de acadêmicas. Essa prática formalizada pelas universidades corporativas constitui outro aspecto fundamental que as diferencia dos departamentos de treinamento (2).

Apesar das vantagens que a UC proporciona, no Brasil ainda não se dá a devida importância à instituição, especialmente nas pequenas e médias empresas. Muito se deve, a forma como os fundadores e donos de grupos desse porte se enxergam, estando na maioria dos casos, mais preocupados em extraírem a riqueza gerada do que adquirir a consciência de perenidade do negócio, o que implica na transmissão do conhecimento as próximas gerações de gestores.

Necessário é essa tomada de consciência para o salto qualitativo do empreendimento, no que acarretará na expansão comercial do grupo, alcançando novos patamares de porte e ramos de negócios. Para isso, serão expostas nos próximos artigos, as lições que o mundo empresarial nos lega, o detalhamento do cenário brasileiro de universidade corporativa, além do processo de implementação da academia em empresas interessadas.

 

Luís Henrique Caldas
Consultor
100PORCENTO CONSULT – Consultoria Empresarial Ltda.
www.100porcento.srv.br
luis.caldas@100porcento.srv.br
(1) – http://exame.abril.com.br/negocios/dino/universidade-corporativa-como-transformar-sua-empresa-na-proxima-apple-dino890110544131/
(2) – http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-65552001000300008

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