Transtorno Bipolar de Humor: Sintomas e Tratamento

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O Transtorno Bipolar de Humor é um conjunto de sintomas caracterizados geralmente por episódios maníacos e depressivos, que se alternam ao longo da vida do sujeito.

Os critérios para um episódio maníaco, de acordo com o DSM IV, são um conjunto de sintomas que pode incluir um período de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável. Cabe ressaltar que pode ser um estado intenso de euforia, ou de tensão que se apresenta na forma de irritação além do esperado diante de certos acontecimentos, ficando o paciente dividido e sensível demais diante de situações desafiadoras do cotidiano.

Nos episódios maníacos também pode ocorrer a sensação de auto-estima elevada, redução da necessidade de sono (alguns pacientes dormem apenas três horas por noite), necessidade de falar em demasia, e fuga de idéias ou sensação de pensamento acelerado, podendo ocorrer a sensação de não conseguir controlar os próprios pensamentos.

A distrabilidade também é comum, sendo que o paciente não consegue concentrar-se em atividades importantes, sendo facilmente atraído por estímulos externos de pouca relevância. Contudo, também pode haver aumento de atividades de trabalho, sociais ou sexuais, e envolvimento excessivo em atividades prazerosas com alto potencial para consequências negativas, como compras em excesso e indiscrições sexuais.

Tais sintomas são vividos pelo paciente como uma exigência, pois dificilmente consegue ter o controle sobre eles, causando sofrimento para si e para as pessoas de seu convívio diário. Geralmente os episódios maníacos ocorrem quando o paciente, que vive uma espécie de “gangorra emocional,” experimenta a viabilização de seus desejos e projetos, numa realidade sociológica muitas vezes difícil, excludente ou permeada de preconceitos.

Em situação inversa, quando elementos situacionais presentes no contexto sociológico de mediações com as pessoas que lhe são importantes, em geral seu grupo familiar, negam, inserem muitos obstáculos para a realização de tais desejos e projetos, o paciente em consequência sente-se incompreendido, triste, sozinho, e possivelmente irá apresentar sintomas característicos de episódios depressivos.

Em tais episódios, que são conjuntos de ocorrências sintomas articulados com sua situação de vida, o sujeito apresenta humor deprimido na maior parte do dia, sentindo-se triste ou com sensação de vazio. Ocorre desinteresse acentuado em quase todas as atividades sociais, de trabalho e sexuais, alterações no apetite, insônia ou hipersônia e retardo psicomotor. Alguns pacientes relatam não conseguir caminhar normalmente, pois é difícil o contato com o mundo exterior. Sentimentos de inutilidade e pensamentos de morte também podem ocorrer, com idéias e tentativas de suicídio.

Há casos em que esses pacientes estão envolvidos numa dinâmica de relacionamentos doentios que funcionam como ativadores situacionais de tais episódios. E é por esse motivo que além do tratamento medicamentoso necessário realizado geralmente por médicos psiquiatras, e de psicoterapia realizado por psicólogos, é muito importante que o sujeito consiga analisar criticamente a forma como constitui e mantém seus relacionamentos, que inclui perguntar-se se consegue efetivamente ter o controle sobre as decisões fundamentais de sua vida, ou se historicamente vem deixando em demasia que influências externas, exigências de outras pessoas acabem inviabilizando seus desejos e sonhos.

Compreender-se como alguém capaz de ser idealizador da própria história, “criador do seu mundo,” não somente material, mas de dinâmica de relacionamentos é um dos grandes desafios para o sucesso do tratamento. Em psicoterapia o paciente irá identificar quais ativadores situacionais o lançam em sofrimento emocional intenso, vai aprender a ter mais controle sobre tais sintomas gradativamente, e muitas vezes terá de elaborar decisões e realizar atitudes importantes para uma mudança significativa de vida. Dependendo da abordagem do psicólogo, poderá também compreender quais foram os acontecimentos de seu passado, desde a primeira infância, que constituíram sua dinâmica psicológica, localizando-se no tempo e oferecendo condições para que a pessoa realize seus desejos futuros numa dinâmica mais saudável para si e para as pessoas com as quais convive.

No cinema, por exemplo, vemos a temática ser trabalhada em filmes como “O Lado Bom da Vida” (Silver Linings Playbook; 2012), adaptado e dirigido por David O. Russell, onde vemos o personagem Pat Solitano sofrendo com o transtorno, vivido pelo ator Bradley Cooper, que interage com a atriz Jennifer Lawrence, vencedora do Oscar de melhor atriz com este papel. O filme também recebeu várias indicações em outras categorias, mas além da premiação e da análise cinematográfica importante, é interessante observar como o diretor conseguiu demonstrar a dificuldade do personagem em relacionar-se com as pessoas importantes da sua vida, superestimando pessoas que impedem seu crescimento e desvalorizando aquelas que lhe são realmente significativas. Interessante para quem se interessa por filmes com temáticas psicológicas, diálogos rápidos, humor e até uma crítica a certas convenções sociais ultrapassadas e arcaicas, sendo comparável por alguns críticos como semelhante a “Pequena Miss Sunshine” (2006).

Outro filme mais antigo com a mesma temática e igualmente interessante é (Mr Jones; 1993), onde temos a atuação do exuberante Richard Gere no papel principal, vivendo o Mr Jones com Transtorno Bipolar, entrando em processo de euforia nas fases maníacas, e posteriormente em estado depressivo diante de dificuldades comuns da vida.

Independentemente da beleza em que o tema se desenvolve nos filmes, cabe ressaltar que o Transtorno Bipolar de Humor provoca consequências dolorosas na vida do paciente, ainda que brilhantemente seja apresentando com humor no cinema, causando prejuízos nos diversos perfis da vida do sujeito. E finalmente, como grande parte dos Transtornos Psicológicos, quanto mais cedo for elaborado o diagnóstico e realizado o tratamento, melhor será o prognóstico para o paciente.

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